
E o que antes era vento, se fez água.
E invadiu minha casa no momento-quando.
Desagüei as certezas ainda agarradas, e flui-me una com o sal do mar.
Foi fácil soltar: sereia tem pele escorregadia e mãos de ondas...
O que lhe habita sempre transborda de volta ao lar.
Moro no fundo e oceano-me ao dar-me conta que tem tantas conchas ainda para conhecer...e eu parada no cais do apego, quase me coralizei à última rocha que toquei.
Mas água clara em água turva, tanto mescla até que cura.
E meu coração de mar em mar flutua, na calmaria serena de nada saber..
de nada querer...
de tudo lembrar e tudo esquecer...
Assim como a espuma apaixonada pela onda que a criou, num próximo instante já se dissolve e nem lembra de que mar brotou...
Liberdade é ser rio fluindo pro mar
sabendo, mas não pensando, em quando chegar.
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MARIANA FRANÇA
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